Sou do Rio, com paixão em vida marinha e foto subaquática, e tive o prazer de conhecer mais esta maravilha do nosso litoral que é a Península de Maraú e a Baía de Camamu em 2007, e venho anualmente acompanhando a vida marinha nas bancadas de corais visitadas por turistas.
Um patrimônio ambiental riquíssimo em vistas da tsunami do progresso desordenado com a chegada do asfalto.
Estará preparada para tantos interesses e caçadores de riquezas fáceis em troca do consumo do meio ambiente e destruição deste patrimônio?
Na verdade, todos os locais de beleza natural do Brasil não estavam preparados quando isto aconteceu, e as perdas, desordem e destruição foram irrecuperáveis. Inúmeros forasteiros da fortuna se apropriaram do que era natural e de todos, e hoje contabilizam fortunas.
Os habitantes nativos e a natureza ficaram com a subsistência, desordem e a destruição.
Infelizmente neste país da desordem é assim que acontece...
Pior, que muitos dos causadores, pertencem aos poderes administrativos, que além do exemplo, deveriam ser os responsáveis pela preservação e ordenamento deste patrimônio.
Fora os transtornos de superfície iminente, a vida marinha agoniza. Em fotos e mergulhos feitos nas bancadas de Taipús de Fora por três anos, em diversos horários e com fotos na mesma época do ano, pude constatar uma redução acima do normal do número de espécies, tanto em quantidade, quanto na diversidade.
O aporte de visitantes em números crescentes e de forma desordenada, em tão pouco tempo, transforma um riquíssimo e delicado ambiente num futuro árido sem vida. Fora a caça, captura e pesca indevida e desnecessária feita por forasteiros.
Um Parque ou APA de papel sem os devidos cuidados e estudos.
Um centro de educação ambiental e vida marinha desprezado.
Nenhuma consciência se forma a cada visita, mas os restos da desordem, lixo humano e despreparo educacional, ficam para sempre.
Vide a quantidade absurda de moscas na superfície como demonstração visível de insalubridade humana.
Desde Copacabana, Santos, Guarujá, e tantas outras maravilhas hoje com vida marinha perdida para sempre e muitos dias de águas impróprias, o Brasil não aprendeu a cuidar de seus recursos.
Imensas fortunas individuais se formaram com a destruição de um todo que deveria pertencer a todos.
Maraú merecia um destino melhor, mas, sinceramente, não acredito que assim seja.
A ferocidade do progresso de consumo, consome gente, natureza e dignidade. Alguns enriquecem e todos perdem.
Infelizmente as soluções deste País como um todo, estão nos Poderes; mas estes estão envelhecidos, corruptos e impunes demais para pensarem num bem comum, a não ser o bem individual que as regalias do Poder oferecem.
Espero, no meu egoísmo, ainda poder desfrutar desta maravilha natural ainda alguns poucos anos, e que meu pessimismo ou realismo, não se concretize.
Heraldo Feijó de Carvalho