domingo, 14 de novembro de 2010

Falsos pescadores recebem auxílio-desemprego pago durante defeso

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Eu vendo esta reportagem no fantastico, percebi que este também é um problema nosso.

Em todo o país, eles passam a mão em R$ 500 milhões do seguro-desemprego da categoria. O benefício sustenta os trabalhadores na época em que a pesca é proibida.


Parece até história de pescador, mas, infelizmente, não é. Em todo o país, farsantes estão passando a mão em R$ 500 milhões do seguro-desemprego da categoria. O benefício existe para sustentar os trabalhadores na época em que a pesca é proibida. Mas gente que nunca pescou na vida está recebendo esse dinheiro.

Na cidade de Imarui, no litoral catarinense, a principal atividade econômica é a pesca do camarão. A espécie se reproduz entre 15 de julho e 15 de novembro. Para garantir que haja camarão nas próximas pescarias, durante esses quatro meses, ninguém pode sair para pescar. Na chamada "época do defeso", os barcos ficam todos parados.

Para sobreviver, o pescador ganha do Governo Federal um salário mínimo por mês. Em um cartaz sobre o seguro, o Ministério do Trabalho sugere: “pesque essa ideia”. Muita gente pescou a ideia e acabou fisgada pela Procuradoria da República em Santa Catarina.

“Teve casos hilários da pessoa que chegou. Eu me lembro de uma cidadã de Porto Alegre. Ela disse: ‘eu passei no Centro de Laguna tinha uma fila na frente da Colônia de Pescadores e disseram que estavam distribuindo seguro-desemprego, eu fui lá e fiz inscrição’. Ela nunca pescou, não tem mínima idéia do que é um peixe, é capaz de trocar um peixe por um cachorro, pensando que um é o outro", aponta o procurador da República Celso Três, em Tubarão (SC).

Aurélio Martins é taxista em Imaruí. Nunca pescou profissionalmente, mas já recebeu o seguro por três anos.

Aurélio Martins: Eu não sabia que não era permitido.
Fantástico: Quem disse para o senhor que o senhor poderia?
Aurélio Martins: Ninguém me disse nada. É que eu via tanta gente receber que eu acabei entrando também, que eu acabei recebendo, porque eu precisava também.
Fantástico: E todo mundo recebia?
Aurélio Martins: Muita gente recebia, muita gente acabava recebendo que não era pescador e eu acabei pegando também.

Os sindicatos e colônias de pescadores, que representam a categoria, são acusados pela Procuradoria da República de dar atestado de pescador a quem não é ou ignorar a lei que proíbe o pagamento a quem tem outra fonte de renda.

Esse é o caso de Gilmar Torquato. Ele é pescador e empresário e briga na Justiça para não ter que devolver tudo o que já ganhou do governo. Ele recebeu o seguro por quatro anos, enquanto a loja estava no nome da mulher. “Se eu errei, eu errei não sabendo, porque, se eles me avisassem... Quando eu ouvi um boato de que não podia, eu parei", afirma.

Para o Ministério Público Federal, a cada dois seguros-desemprego concedidos a pescadores, um é ilegal. Em todo o Brasil, isso representa cerca de R$ 500 milhões pagos todo ano pelo governo a quem não tem direito.

Além de Santa Catarina, outros dois estados estão na mira da Procuradoria. No Pará, oito pessoas são investigadas por facilitar a obtenção do benefício. Em São Paulo, são 500 investigados, 200 indiciados e três condenados por estelionato.

O vereador e presidente da Colônia de Pescadores de Imaruí, Vanderlei Antônio do Nascimento, é acusado de é acusado de facilitar o acesso ao seguro de cerca de 100 falsos pescadores. Ele nega, mas admite que é difícil cumprir a lei. “Hoje não tem como cumprir se o pescador realmente viver daquilo. Só da pesca, ele não consegue viver em lugar nenhum", afirma.

O procurador Celso Três diz que o maior responsável pela fraude é o Ministério do Trabalho, que não fiscaliza como deveria, e vai processar o delegado do Ministério em Santa Catarina.

“No caso, a autoridade maior do estado é o delegado regional do trabalho que faz essa tramitação e que enseja esse tipo de benefício à revelia da lei e fundamentalmente da verdade. É um escândalo tão grande que eu não tenho dúvida de que, como acontece historicamente no Brasil, vai chegar um ponto em que vai se extinguir esse benefício", aponta o procurador.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse considerar estranha a posição do procurador e que o Ministério vai se defender em caso de processo. O ministro discorda dos números apresentados pelo Ministério Público e diz que, nos últimos oito anos, foram, no máximo, 15 mil denúncias de irregularidades que chegaram ao governo, menos de 1% do total de benefícios pagos.

“A grande esmagadora maioria são de trabalhadores honestos e sérios. A exceção à regra tem que ser punida exemplarmente e, onde nós constatamos isso, nós punimos, cancelamos, processamos e até prendemos", afirma Carlos Lupi.

Reportagem do " fantastico dia 14/11/2010" http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1630175-15605,00.html

3 comentários:

Anônimo disse...

sou do rj. acarteira de pescador do meu pai foi caçada. ele, ja era para esta se aponsentando como pescador. tem todos os documentos que comprovam que ele e mesmo. pois nunca trabalhou de carteira assinada. e tambem sempre teve enbarcação, todas cadrastadas. estou clamando por justiça.

Anônimo disse...

gostaria de saber, como fica esse caso do rj.
se, comprovado que ele e mesmo pescador. de quem vai ser o erro?

Anônimo disse...

Erros e/ou distorções poderão ser corrigidos. Assim como deverão ter punição exemplar aqueles que se servem do posto que ocupam nas colônias de pescadores para transformar inscrição em voto. É nosso caso aqui sim.